[CENÁRIO 01 – RODOVIÁRIA/ DIA]
(Junior e Joana continuam parados em frente ao ônibus)
JUNIOR – Você não vai me impedir de ir embora, então sai da minha frente, Adriana.
ADRIANA – Eu não vou sair, Junior. Se você quiser fugir que nem um covarde, deixo você passar. Mas você não vai levar a Ana.
JUNIOR – Você não ver que se eu ficar, corro o risco de perder minha filha?
ADRIANA – Não acredito que você vai desistir assim, tão fácil. Pensei que você fosse mais corajoso. Ainda bem que a Joana não estar aqui, para ver o covarde que você é.
JUNIOR – Não me importo com o que você pensa de mim.
ADRIANA – Então se importa com o que ela vai pensar daqui alguns anos. Imaginar que o pai dela, que diz que a ama tanto, desistiu de lutar por ela, sem mesmo ter tentado. Que na primeira dificuldade, fugiu que nem um rato.
JUNIOR – O que você quer que eu faça? Eu não tenho dinheiro para ir para a justiça, lutar por minha filha. Não tenho casa, não tenho emprego. O que eu tenho, é só minha filha. Não tenho chance de ganhar do Gustavo.
ADRIANA – Você tem tanta chance que nem imagina, Junior. Você é um bom pai. Trabalhador, honesto. Juiz nenhum vai ter coragem de tirar ela de você. Volta comigo. (com jeitinho, consegue tirar as mochilas da mão dele) Mostra para sua filha, que você é forte e vai lutar por ela.

[CENÁRIO 02 – CASA DO FELIPE/ Q. DA ALICE/ DIA]
(Luana coloca Alice para dormir no berço, quando conversa com sua mãe)
VERÔNICA – (surpresa) Ele te beijou?
LUANA – (alegre) Beijou.
VERÔNICA – Não foi você quem o beijou filha?
LUANA – Não mamãe. O Felipe me beijou. Simples assim.
VERÔNICA – Eu disse que o Felipe não conseguiria resistir aos seus encantos. Em breve teremos ele novamente em nossas mãos!
LUANA – Não gosto que a senhora fique falando dele assim. (se afasta do berço com calma, e se aproxima de sua mãe) Agora que consegui fazer à Alice dormir. A senhora pode me explicar aquela história da empresa?

[CENÁRIO 03 – APARTAMENTO DA CAMILA/ SALA/ DIA]
(Camila está na cozinha, quando Bianca entra)
BIANCA – Não foi para faculdade hoje?
CAMILA – Hoje não teve aula. Professor precisou resolver algo pessoal dele.
BIANCA – O que você está cursando mesmo?
CAMILA – Direito.
BIANCA – Pensa em ser advogada então?
CAMILA – Sim.
BIANCA – Algum motivo por escolher está profissão ou é afinidade mesmo?
CAMILA – Sempre gostei de justiça. Das coisas claras, certas.
BIANCA – Algo me diz que você será uma grande advogada.
CAMILA – É, mas tenho um longo caminho pela frente ainda. Conseguiu lembrar de alguma coisa?
BIANCA – Não. Queria perguntar para você se não tem nenhum álbum de fotografia ou alguma foto que possa me ajudar a lembrar de algo?
CAMILA – Infelizmente não. Você não gostava muito de tirar fotos.
BIANCA – E onde morávamos? Lá, provavelmente teria alguma coisa que me fizesse lembrar.
CAMILA – (não demostra, mas lembrar de sua antiga casa, a deixava nervosa) Saí “daquela” casa ainda pequena. Não sei se ela ainda existe. (campainha, Camila vai atender apressadamente)
CLÁUDIO – Oi! (a beija e percebe que alguma coisa está acontecendo) Tudo bem?
CAMILA – Estou.
CLÁUDIO – Então, eu iria te ligar mas, achando que você talvez estivesse na faculdade, decidi vir aqui. (entra e vão para à sala) Eu consegui um advogado para aquele seu amigo. E, minha mãe disse que ele não precisa se preocupar, que todos os serviços serão pagos por ela.
CAMILA – Não, desculpa mas isso não vou poder aceitar. Já é pedir muito. Assim como o Junior também não vai. Mesmo se o advogado fosse para mim, eu iria fazer questão de pagar os serviços dele. Eu agradeço o que a sua mãe quer fazer, mas se o advogado quiser defender o meu amigo, nós mesmo iremos pagar.
CLÁUDIO – Você sabe que se você não aceitar, ela vai vir aqui né?
CAMILA – Pode vir. Mas não posso aceitar, Cláudio.
CLÁUDIO – Aceita vai. Considera isso como se fosse um presente que minha mãe está dando para você.
CAMILA – (pensa um pouco) Como é o Junior que vai precisar dos serviços dele, primeiro vou perguntar para ele, e depois dou uma resposta para você.
CLÁUDIO – Está bem. Agora vem aqui, estou com saudades de você. (puxa ela pela cintura e a beija)

[CENÁRIO 04 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
(Adriana consegue convencer o Junior a voltar para casa. Os dois chegam na casa da Carla)
CARLA – (preocupada) Onde você foi Junior?
ADRIANA – Ele ia embora Carla, ainda bem que consegui impedir.
CARLA – Você ia embora sem contar nada para gente?
JUNIOR – Eu iria Carla, mas a Adriana me convenceu a ficar. Eu vou lutar por minha filha. (ela acorda, e começa a chorar)
CARLA – Me dar aqui ela. Deve estar com fome. (Junior entrega Ana para a Carla, e Adriana vai com ele até o quarto, guardar as mochilas. Carla senta no sofá, e começa a amamentar Ana. Não demora muito campainha toca. Carla levanta novamente e vai atender)
FREDERICO – Oi. Bom dia filha.
CARLA – Bom dia pai.
FREDERICO – Está amamentando a filha do seu amigo?
CARLA – Isso. Comecei agora. (os dois entram, e vão para a sala) Senta.
FREDERICO – A Paula foi para o curso?
CARLA – Foi. Saiu tem pouco tempo.
FREDERICO – E você está sozinha?
CARLA – Não. O pai dela está lá em cima, com a Adriana.
FREDERICO – (sério) Eu queria ter uma conversar com você filha.
CARLA – Eu também quero ter uma conversar com o senhor pai.
ADRIANA – (descendo para a sala com o Junior) Pronto, agora vamos sentar e começar a escolher uma maneira… Frederico. Desculpa, não vi o senhor aí. Atrapalhei alguma coisa?
FREDERICO – Nada. Acho que você tem que resolver isso com seus amigos, então melhor deixarmos nossa conversa para depois filha.
CARLA – Mas o senhor disse que tinha um assunto para falar comigo?
FREDERICO – Falamos isso depois, não se preocupa.
CARLA – Então acompanho o senhor até a porta então.
FREDERICO – Não precisa, continua aí amamentado a menina com calma. Eu vou só. (levanta e beija o rosto de sua filha) Tchau filha.
CARLA – Tchau. (Frederico vai embora, Adriana senta do lado da Carla, e Junior senta no outro sofá ao lado)
JUNIOR – Seu pai confia muito em vocês. Deixar um cara estranho, vir morar com suas filhas, e não dizer nada.
CARLA – Você não é um estranho Junior, e sim um amigo. E o papai fez muitas perguntas sobre você, antes de vir para cá, então não fique tão confiante assim.
ADRIANA – Isso é verdade. Ele estava aqui, quando fiz a proposta para a Carla, de convidar você. (campainha)
CARLA – Será que é ele de novo?
JUNIOR – Deixa que eu vou lá agora, pode ficar aí. (na porta) Camila?
CAMILA – Oi Junior, eu trouxe ajuda.

[CENÁRIO 05 – CASA DO FELIPE/ Q. DA ALICE/ DIA]
LUANA – Então a senhora vem roubando a família do Felipe, tem tempo já?
VERÔNICA – Não é roubando filha. Assim você me ofende.
LUANA – Então o que é? Obrigar o próprio filho a desviar dinheiro da empresa onde trabalha, para ficar mandando para senhora, não significa roubo, então eu não sei o que é?
VERÔNICA – Isso foi o único meio que encontrei para tentar pagar as nossas dívidas, filha. Como o seu casamento ainda estava em noivado, eu precisava de uma maneira de conseguir esse dinheiro.
LUANA – Esse tempo todo a senhora tinha contato com esse filho, e nunca contou para gente?
VERÔNICA – Eu iria contar. Só estava esperando você se casar com o Felipe. O Cláudio ficar bem encaminhado, com uma garota de família.
LUANA – Parece que a senhora nos criou, para simplesmente fazer negócios favoráveis para senhora.
VERÔNICA – Não fala isso. Eu só quero garantir o futuro de vocês. É pecado, querer o bem dos filhos?
LUANA – Eu quero que a senhora me prometa que vai parar de obrigar o Lucas a ficar desviando dinheiro da empresa. Me promete isso mamãe?
VERÔNICA – Está bem, prometo.
LUANA – Bom. Imagina só, se o Felipe descobre essa história. Acabou meu casamento, provavelmente o do Lucas também vai acabar, e adeus à vida mansa que a senhora tinha.

[CENÁRIO 06 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
CAMILA – Então eu disse que daria a resposta, a partir de uma decisão sua. O que você diz Junior? A decisão é sua! (Junior fica pensativo, ao sabe a proposta)
ADRIANA – Então Junior? Qual a sua resposta?
JUNIOR – Eu realmente não tenho como pagar um advogado nesse momento. Eu vou aceitar, mas com uma condição. Eu vou pagar cada centavo que foi gasto com esse advogado depois.
CLÁUDIO – Não precisa cara.
JUNIOR – Eu faço questão. Eu aceito a sua ajuda, mas quero pagar tudo depois.
CLÁUDIO – Está bem então. Eu já liguei para ele vir encontrar a gente. Deve estar chegando.
CARLA – Acho que ela quer dormir?
JUNIOR – Me entrega ela aqui. (Carla entrega Ana para o Junior) Vou coloca-la para dormir, e quando ele chegar, vocês me chamem.
ADRIANA – Claro Junior. (Junior sobe para o quarto)

[CENÁRIO 07 – CASA DO FELIPE/ SALA/ DIA]
(Viviane e Luana descem para a sala e encontram Miguel, Felipe, Viviane e Paulo na sala)
VIVIANE – É tão bom, encontrar a família assim, toda reunida.
MIGUEL – Mas ou menos tia. Karina e Lucas não estão.
VIVIANE – Verdade, onde é que eles estão?
MIGUEL – Não faço ideia. Mas conhecendo os dois, deve ter saindo para algum lugar. Eles nos dias de folga, fazia isso lá em São Paulo.
FELIPE – Encontramos um lugar para ensaiarmos mamãe.
VIVIANE – É filho. Onde é?
FELIPE – Um lugar meio perto daqui. Vamos começar a comprar as coisas agora, e organizar o nosso primeiro estúdio.
VIVIANE – Se precisar de alguma coisa filho, só pedir.
FELIPE – Eu sei mamãe. Mas acho que não preciso de mais nada. (olha carinhosamente para a Luana)
VIVIANE – Parece que vocês se acertaram?
LUANA – (sorridente) Nos acertamos sogra.
FELIPE – É mamãe, chega de briga dentro desta casa.
PAULO – (brinca) É meu irmão falando isso? Ou a bebida de ontem o mudou?
VIVIANE – (curiosa) Bebida?
MIGUEL – É que eu o Felipe sairmos ontem para tomar alguma coisa tia.
FELIPE – É isso mamãe. Acabei chegando cansado, e por isso fui dormir cedo ontem.
VIVIANE – Você dormiu aqui?
MIGUEL – Eu trouxe ele para cá. Como não queria que dirigisse bêbado, achei melhor deixa-lo aqui. (Viviane gosta do que houve, e finalmente, acha que Felipe está voltando se aproximar deles)

[CENÁRIO 08 – CASA DA CARLA/ SALA – COZINHA/ DIA]
(o advogado chega, e todos estão na sala conversando, exceto Carla e Camila que foram para a cozinha)
ÁLVARO – Eu soube um pouco sobre o seu caso, mas quero saber de você, o que está acontecendo?
JUNIOR – Eu vou contar tudo para você. (enquanto Junior conta para o advogado a sua situação, Carla e Camila estão na cozinha, preparando um café, para eles)
CARLA – Estou otimista que o Junior vai conseguir vencer essa batalha.
CAMILA – Eu também!
CARLA – Mas mudando de assunto, como estão as coisas com sua mãe?
CAMILA – Estou tentando ajuda-la, mas, me fazer lembrar do passado, ainda machuca muito.
CARLA – Mesmo tendo superado aquele pesadelo?
CAMILA – Sim.  O Cláudio me ajudou a seguir em frente, mas, toda vez que converso com ela, que ela me pergunta algo sobre a gente… como se tivéssemos vivido uma vida de mãe e filha… (Carla a abraça, ao perceber que ficou triste)
CARLA – Sei que ultimamente, não tenho sido uma boa amiga…
CAMILA – Não se preocupa, você tem ajudado o Junior, não precisa se preocupar comigo.
CARLA – Preciso sim, porque você é minha amiga. E as amigas, servem para ajudar uma as outras.
CAMILA – Ela me fez lembrar daquela casa hoje. Algo que eu já tinha esquecido completamente.
CARLA – Ela quer ir para lá?
CAMILA – Ela acha que lá possa ter alguma coisa que faça a memoria dela voltar. Só que eu não quero voltar para aquela casa. Não quero ter que reviver aquilo novamente…
CARLA – Você não precisa ir! Ela não pode te obrigar a ir em um lugar que você não quer.
CAMILA – Ela não está me obrigando, nem nada. Mas, se tiver algo que possa fazer para que ela se lembre, vou me sentir mal em não ter tentando. Mesmo que, ela volte ser quem era antes.
CARLA – Impressão minha, ou você não quer isso?
CAMILA – O que? Que seja que nem antes? Quero, é o que eu mais quero!
CARLA – Não é o que me parece.
CAMILA – Você está certa. Eu não quero que ela lembre. Por que, por um momento, percebo que finalmente podemos desenvolver uma relação de mãe e filha que nunca tivemos.
CARLA – Amiga, não quero que você se decepcione, por criar expectativas onde talvez não existam.
CAMILA – Eu sei, Carla. Podemos fingir ser mãe e filha no momento, mas no momento que ela lembrar de tudo, tudo voltará como antes.
ADRIANA – Vocês terminaram meninas? (entrando na cozinha)
CAMILA – Já. Já íamos levar para sala. Como é que está lá?
ADRIANA – O Junior ainda está contado sua história para o advogado. Vamos, quero ouvir tudo lá dentro. (volta para sala, Carla e Camila vão logo em seguida, com o café e alguns biscoitos)

Anoitecendo…

[CENÁRIO 09 – CASA DA CARLA/ SALA/ NOITE]
(Frederico volta para a casa da Carla, os dois conseguem ficar sozinhos por um tempo, e consegue conversar)
FREDERICO – Será que agora podemos conversar?
CARLA – Claro pai. A Paula está lá no quarto dela, estudando, e o Junior, está com sua filha. Aqui ninguém vai nos incomodar.
FREDERICO – Bom, por que o que eu tenho para contar para você, é muito importante.
CARLA – Agora fiquei curiosa. Fala pai?
FREDERICO – É sobre aquele rapaz.
CARLA – Que rapaz? Aquele que veio aqui naquele dia? (Frederico confirma com a cabeça) O que tem ele?
FREDERICO – (respira fundo) Ele é meu filho, Carla. Felipe é seu irmão.

Continua no capítulo 60…